Na aviação temos uma ameaça que muita vezes nós mesmos a colocamos em nosso meio: a pressa.
A pressa é inimiga da perfeição! Diria o meu velho avô tomando calmamente o seu café a tarde, mas será que ela é tão inimiga mesmo?
Proponho analisarmos a pressa como uma ameaça que é totalmente “controlável”.
Atualmente, muito é exigido do profissional da aviação: eficiência, agilidade, etc.
Tudo isso é realmente necessário para a indústria da aviação atual, afinal, o tempo exige essa evolução de cada indivíduo e do meio como um todo.
Certa vez algo aconteceu comigo, que demonstra a maneira individual de gerenciar a correria do dia a dia.
O meu instrutor, em seu primeiro dia de voo da minha instrução no equipamento, disse calmamente:
— Olha, faz tudo sem atropelar nada, estamos aqui para ter um voo seguro e garantir que todos cheguem ao seu destino são e salvos.
Alguns segundos depois, ele disse:
— Terminou?
Cada profissional aloca a pressão da maneira que ele sabe como deve estar no momento, mas existe um problema nisso.
Eu diria que a experiência de cada tripulante nesse momento pode ser uma peça fundamental para o resultado ser o esperado.
Outra coisa pode definir isso de maneira concreta: as bases criadas de maneira correta em seu percurso como profissional.
Alguns, deixam a pressão dominar as suas ações, esses aviadores sempre vão estar com sua pressão arterial acima de 18/8, decolam a primeira etapa pensando na quarta etapa do dia se o tempo no destino estará bom.
No geral isso é uma semente mal plantando há anos atrás quando esse aviador começou a voar, repaginar isso quando identificado é obrigação de todos.
Tony Kern em várias de suas obras define que as bases operacionais emanam um grande efeito no decorrer da carreira de cada aviador: proficiência, disciplina e habilidades.
Essas três bases – quando bem construídas – garantem o excelente gerenciamento da pressão a bordo.
Ultimamente, uma quantidade enorme de arremetidas tem sido classificadas como anormais em várias empresas, a pressão e a capacidade de gerenciar ela através do conhecimento adquirido na jornada por cada aviador, pode fazer grande diferença para que o “bom resultado” seja atingido.
A arremetida de uma aeronave como o Airbus A320, em suma, é de fácil execução, porém, cada passo deve ser respeitado na íntegra – com a agilidade necessária.
Uma sequência simples – de 5 ou 6 passos – onde o penúltimo ou o último passo pode ser interrompido por falta desse gerenciamento.
E qual o mais esquecido? Recolher o trem de pouso.
Mas como você vai acabar esquecendo isso?
Todos os aviadores são seres humanos, são passíveis ao erro e isso demonstra que a nossa constante vigilância é obrigatória, principalmente nas manobras consideradas “mais simples”.
Lembre-se: o pouso é uma arremetida mal sucedida, precedido por uma boa aproximação.
A cada momento e etapa do seu voo, procure configurar em sua mentalidade o que pode ser feito caso algo aconteça de errado, sem paranoia ok?
Manter habilidades não técnicas em ênfase durante o briefing de decolagem ou aproximação, podem auxiliar e evitar um evento indesejável, vale lembrar que devemos sempre rever quais dessas habilidades precisamos utilizar e calibrar as mesma para cada situação: consciência situacional, tomada de decisão, gerenciamento de carga de trabalho, etc.
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Daniel Mantovani